MATÉRIA TÉCNICA: Engenheira destaca a importância do controle tecnológico na construção civil

Durante o planejamento de projetos voltados para a área de construção civil é muito importante que sejam estudadas as alternativas para garantir que os materiais utilizados sejam capazes de oferecer a funcionalidade e a durabilidade buscada. Um dos meios mais importantes para esse estudo é por meio da contratação do controle tecnológico para construção civil. “O problema é que muitas construtoras ainda negligenciam o controle tecnológico, pois enxergam a realização dos ensaios como gasto e não como investimento. E tem também aquelas que olham preço e prazo então a qualidade do serviço. Ou seja, não entendem os benefícios do controle tecnológico, que garante a qualidade do material, de acordo com o que é requisitado nas normas técnicas.” O comentário é da engenheira civil Isabelle Gama, sócia-proprietária da Engenharia Gamatec, um laboratório de controle tecnológico de Araçatuba, que existe há sete anos, e possui certificação ISO 17025 do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia).

A acreditação inclui requisitos gerais para a competência de laboratórios de ensaio e calibração (general requirements for the competence of testing and calibration laboratories), é a referência internacional para laboratórios de ensaio e calibração que desejam demonstrar sua capacidade e competência técnica para fornecer resultados confiáveis e válidos, promovendo, assim, a confiança em seu trabalho, nacional e internacionalmente. A contratação de empresa especializada para realizar o controle tecnológico para construção civil é uma importante ferramenta para o alcance dos melhores resultados na execução dos projetos, pois garante a precisão e eficiência nas análises. “Estamos falando de qualidade na prestação dos serviços dos laboratórios, e também dos produtos entregues pelas construtoras. E, no final das contas, o controle tecnológico evita riscos e gastos futuros com reparos e outras situações”, explica Isabelle.

A análise de materiais e de seus componentes possui como principal objetivo revelar se o material em questão será capaz de desempenhar seu papel de forma completa e prever os principais problemas que poderão surgir durante a execução do projeto ou após. É, portanto, indispensável para um planejamento completo e eficiente, pois auxilia na gestão de riscos do projeto, contribuindo para que possíveis transtornos sejam evitados. Dando como exemplo o concreto e o solo, a engenheira entende que os ensaios devem ser realizados antes do início da obra, independentemente do seu tamanho. “Isso porque pode haver recalque no solo, causando fissuras, e uma eventual falta de resistência do concreto pode colapsar a estrutura”, afirma Isabelle, que complementa que a “luta é grande, pois a meta é modificar a cultura dos engenheiros e empreendedores, o que não é fácil.”

Conceito

O controle tecnológico é a parte da gestão da qualidade focada no atendimento aos requisitos do produto, que, no caso da construção civil, pode ser entendido como a obra pronta (um prédio ou edificação, por exemplo). Para que seja possível produzir esse produto, é necessário o emprego de diversos materiais (aço, concreto, argamassa etc.) e mão-de-obra, que irão compor os diversos sistemas construtivos da edificação (fundações, estruturas, alvenarias de vedação, cobertura etc.). Para que seja possível garantir a conformidade da obra, todos os materiais e sistemas construtivos utilizados devem controlados e analisados quanto ao atendimento a requisitos técnicos mínimos específicos para cada um deles.

Na construção civil, os requisitos dos produtos são, na maioria das vezes, estatutários ou definidos por lei. É o caso das normas técnicas (da ABNT, por exemplo), cujas quais lidamo-nos no dia-a-dia. Portanto, o controle tecnológico deve ser entendido como uma parte fundamental das obras, atuando no monitoramento e avaliação de conformidade dos requisitos dos produtos, de acordo com especificações técnicas prescritas (nas normas regulamentadoras, por exemplo).

Controlar a qualidade do produto (i.e. das obras) é uma obrigação das construtoras. E muito além disso, é fundamental para garantir respaldo técnico e jurídico das obras entregues. O que tem se visto na prática, contudo, é que ainda há bastante resistência por parte dos profissionais e empresas da construção na realização de um controle tecnológico efetivo e sistêmico das obras, mesmo após a entrada em vigor da norma de desempenho de habitações NBR 15.575/2013 que, de certa forma, “apertou o cerco jurídico” contra os construtores.

Segundo Fortes e Merighi (2004), o custo do controle tecnológico e de qualidade nas construções varia entre 0,5% e 1,5% do custo total do empreendimento sendo, entretanto, função de diversos fatores, como: tipo da obra, padrão, acabamento, abrangência, entre outros. O custo de manutenção corretiva, estimado em torno de 12%, faz com que esses custos iniciais (relativos ao controle tecnológico) sejam irrelevantes.

De acordo com o Eng. M.Sc. Felipe Carvalho Bungenstab, há ainda que se considerar os custos e o desgaste jurídico relativos aos processos e indenizações promovidos por usuários insatisfeitos ou reclamantes da má qualidade e funcionalidade das obras entregues. Por fim, ainda de acordo com Bungenstab, a melhoria da imagem dos envolvidos na obra e da construtora no mercado local pela qualidade de suas obras entregues e a satisfação de seus clientes podem proporcionar ganhos que vão desde a geração de ambiente positivo para a realização de novos negócios até a associação da marca à produtos de qualidade comprovada. Isso é raramente explorado no mercado construtivo no país.

AEAN e Crea-SP

O tema Controle tecnológico na construção civil foi abordado por Isabelle Gama no dia 9 de fevereiro, em palestra ministrada na AEAN, que contou com parceria do Crea-SP. A engenheira civil lembra que a associação promove constantemente ações para manter os profissionais atualizados, realizando cursos, palestras e outras ações, como o Buteco da AEAN, que é um bate-papo descontraído entre os profissionais da arquitetura e engenharia para a troca de experiências.

A associação mantém estreita relação com o Crea-SP, maior conselho de fiscalização de exercício profissional da América Latina e provavelmente um dos maiores do mundo.

O Crea-SP é responsável pela fiscalização de atividades profissionais nas várias modalidades da engenharia, agronomia e geociências, além das atividades dos tecnólogos. Neste sentido, no que diz respeito à atuação dos engenheiros civis e demais profissionais que representa, fiscaliza, controla, orienta e aprimora o exercício e as atividades profissionais relacionadas. Para isso, exige registro profissional, assim como cobra ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) que é o instrumento que define, para os efeitos legais, os responsáveis técnicos pela execução de obras ou prestação de serviços relativos às profissões abrangidas pelo Sistema Confea/Crea-SP.

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