MATÉRIA TÉCNICA: As Cidades Inteligentes já estão entre nós

Até 2050, 70% da população mundial viverá em cidades e isso irá aumentar a demanda por serviços e tecnologia. A estimativa é da ONU (Organização das Nações Unidas), que indica também que, em menos de 15 anos, cerca de 40% delas sofrerão mudanças profundas e as engenharias fazem parte dessa transformação.

Para o presidente da AEAN (Associação dos Engenheiros e Arquitetos da Alta Noroeste), Petrônio Pereira Lima, as engenharias são sinônimo de desenvolvimento e indispensáveis para a transformação das cidades. Elas estão presentes na ampliação da infraestrutura, na melhoria da qualidade de serviços prestados à sociedade e na resolução de problemas econômicos e sociais. Estão também diretamente ligadas à distribuição e consumo de água, gestão de resíduos sólidos, serviços de saneamento, controle da poluição e do gasto de energia, segurança pública, combate às drogas, concentração populacional, mobilidade urbana, considerando os sistemas de transporte e semafórico.

“É preciso encarar o desafio de aliar as engenharias às tecnologias trazendo cada vez mais conforto para a humanidade na busca por cidades mais inteligentes, tecnológicas, sustentáveis e humanas. Neste sentido, a tecnologia deve ser usada como meio para dar aos cidadãos qualidade de vida por meio de serviços ágeis prevendo a organização do trânsito, melhorias nas áreas de lazer, sistemas de saúde, preservação do meio ambiente, participação efetiva da comunidade para as tomadas de decisões”, analisa Lima.

Como afirma a engenheira agrônoma, mestre em Agricultura e Ambiente, Waleska Del Piero Storani no artigo “A Engenharia e as Cidades Inteligentes”, publicada no Blog da Engenharia (https://blogdaengenharia.com/engenharia/a-engenharia-e-as-cidades-inteligentes/), o grande desafio dos profissionais do século XXI é aliar os melhores conceitos da engenharia às tecnologias para transformar as nossas cidades em espaços inteligentes, apresentando soluções para a população.

As smart cities, ou cidades inteligentes, são aquelas que se utilizam da tecnologia de maneira estratégica com o objetivo de melhorar a infraestrutura, otimizar a mobilidade urbana, criar soluções sustentáveis e promover o desenvolvimento econômico para aumentar a qualidade de vida dos seus moradores.

O debate desse conceito começou em meados dos anos 1990 com o Protocolo de Kyoto, e ganhou destaque efetivo no ano 2010, continuando em plena evolução. Ele leva em consideração diversos itens, como mobilidade, urbanismo, meio ambiente, energia, tecnologia, inovação, economia, educação, saúde e segurança.

As cidades inteligentes são realidade em muitos lugares do mundo, incluindo o Brasil, como demonstrado na Futurecom.

Futurecom

A gestão de resíduos e as soluções ecológicas de um projeto de compostagem em Adamantina, o bom exemplo de Ubatuba na mobilidade com as ciclovias, e o projeto de Atibaia voltado à gestão eficiente de recursos hídricos foram algumas das iniciativas apresentadas pelo presidente do Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo), Eng. Vinicius Marchese, em palestra sobre cidades inteligentes na Futurecom (19/10), maior evento de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) da América Latina, que aconteceu na Expo São Paulo.

Marchese expôs exemplos positivos de cidades do Estado que enfrentam seus problemas de forma inovadora e criativa. São José dos Campos também esteve entre os destaques por ser a única cidade inteligente certificada no Brasil. Semáforo inteligente e o Centro de Segurança e Inteligência (CSI), que conta com câmeras de vigilância em todo o município, estão entre as ações desenvolvidas por lá.

Com relação aos desafios, o engenheiro observou que a legislação ainda não acompanha o ritmo da evolução tecnológica. Para Marchese, mudanças na lei como o Marco Legal das Startups foram importantes para trazer a tecnologia para dentro dos órgãos públicos. Neste aspecto, citou o decreto do governo de São Paulo que regulamentou o sandbox, uma espécie de “caixa de teste”. “Assim é possível testar novas tecnologias em um ambiente controlado e, olhando pela ótica do poder público, é muito bom porque as ações ganham velocidade”, disse.

Após apresentar o cenário das cidades inteligentes no Brasil, Marchese ressaltou diagnóstico produzido pelo Crea-SP, com mapeamento de todas as regiões do Estado. O estudo levou em consideração 28 indicadores de desenvolvimento urbano que foram avaliados individualmente por uma rede de 1.666 inspetores do Conselho. O resultado é um documento com 160 propostas, organizadas em quatro eixos: saneamento e monitoramento ambiental inteligente; iluminação inteligente e segurança; mobilidade; e conectividade.

“Nossa ideia é que a contribuição com bons projetos para as cidades seja um trabalho de longo prazo do Crea-SP. Com o diagnóstico, nós entendemos como podemos ser um instrumento de transformação dos locais que moramos, principalmente por conta dos braços que o Conselho tem por todo Estado. Agora, vamos levar esse tema para estudantes e recém-formados, para que a gente possa ouvir como a juventude enxerga os problemas e, principalmente, soluções para as políticas públicas de São Paulo e até mesmo do país”, concluiu.

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