MATÉRIA TÉCNICA: Aditivos para concreto ajudam a economizar água na construção civil

A mistura que forma concreto leva cimento, água, areia e brita. A dose de cada material é que vai determinar as características finais da massa. Mas os processos adotados na produção nem sempre são sustentáveis. E, considerando as crises ambientais da contemporaneidade, com escassez de água em várias regiões do mundo, é preciso buscar formas de economia desse recurso nos canteiros de obras.

De acordo com a U.S. Green Building Council, organização privada sem fins lucrativos, baseada em membros, que promove a sustentabilidade no projeto, construção e operação, a construção civil é responsável hoje por cerca de 21% do consumo de água tratada em todo o mundo. Levando isso em conta, especialistas passaram a indicar o uso de aditivos na mistura da massa do concreto.

Segundo o engenheiro civil Roberto Racanicchi, coordenador da Câmara Especializada de Engenharia Civil (CEEC) do Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo), a utilização de aditivos para concreto não é novidade no Brasil, sendo que tornam o concreto mais homogêneo e podem economizar água na construção civil, o que tem grande importância por vários motivos, como a durabilidade, a qualidade e, de forma geral, a sustentabilidade.

“A utilização desses aditivos pode reduzir significativamente o consumo de água na construção civil, o que é importante em regiões onde a água é um recurso escasso e onde a demanda por água é alta”, afirma o profissional.

Ele cita também a redução de custos, como vantagem competitiva, pois, ao reduzir a quantidade de água necessária para a mistura do concreto, é possível reduzir os custos com a compra e o transporte de água. Outro benefício é o aumento da resistência, já que a redução da quantidade de água na mistura pode levar a uma maior resistência do concreto, uma vez que a água em excesso pode enfraquecer a sua estrutura e reduzir a sua durabilidade. Mas tudo depende de cálculos bem feitos.

Racanicchi cita também a melhoria da trabalhabilidade. “Os aditivos que racionam a quantidade de água podem ajudar a melhorar a trabalhabilidade do concreto, permitindo que ele seja moldado e colocado em formas com mais facilidade e sem a necessidade de excessiva vibração, o que pode aumentar a produtividade e a qualidade do trabalho. Da mesma forma, eles impactam também a durabilidade. A utilização de aditivos que melhoram essa questão, como os incorporadores de ar, podem reduzir a permeabilidade do material, protegendo-o de danos causados pela umidade, chuva e outros elementos”, detalha o coordenador da CEEC.

Tipos de aditivos

São vários os aditivos para concreto que podem auxiliar na economia de água durante o processo de mistura do concreto na construção civil. Confira alguns:

Aceleradores de pega: faz diminuir o tempo entre o estado plástico e endurecido do concreto. Também auxilia na mistura da cal e da sílica nos silicatos e da alumina nos aluminatos. Com tudo isso, o concreto pode apresentar, no fim, mais resistência desde o início da secagem.

Aceleradores de resistência: aumentam a taxa de desenvolvimento de resistência inicial do concreto.

Hiperplastificantes: esse tipo de aditivo permite uma alta redução de água, criando uma versão de concreto com resistência inicial maior, tornando mais fácil o manuseio e garantindo a mínima migração de água da composição para a superfície das peças moldadas.

Impermeabilizantes: capazes de impedir que a água chegue até a parte interna das estruturas de concreto, causando infiltrações. Geralmente esse tipo de aditivo é misturado com plastificantes, para reduzir a relação água-cimento.

Incorporadores de ar: permitem que o concreto fique mais homogêneo e melhora a trabalhabilidade, diminuindo a tensão da água durante o amassamento do concreto. Aliás, esse tipo de aditivo permite incorporar uniformemente microbolhas de ar na mistura que permanecem no material no estado endurecido, contribuindo para economia de cimento, e mais.

 

Plastificantes: permitem reduzir o consumo de água, sem modificar a consistência do concreto no estado fresco, potencializando o preparo e aplicação do concreto na obra, como aumento do abatimento e a fluidez, entre outros efeitos, tipo retardo de pega.

Polifuncionais: melhoram o processo de concretagem, aumentando a trabalhabilidade, adequando o aspecto superficial, aumentando a resistência à compressão e uniformidade, prolongando a impermeabilidade, e durabilidade do material.

Retardadores de pega: diferente do tipo anterior, faz aumentar esse tempo de transição, melhorando a aderência da massa, algo que é bastante válido em dias mais quentes, por exemplo, evitando possíveis fissuras e outras patologias no futuro.

Superplastificantes: usam policarboxilatos, moléculas poliméricas e partículas positivas carregadas do cimento. Também é uma solução que proporciona muita fluidez para a massa, além de menor quantidade de água.

Roberto Racanicchi ressalta que o uso desses aditivos deve ser feito com cautela e de acordo com as recomendações dos fabricantes, a fim de garantir a qualidade e a resistência do concreto.

“Não se pode usar aditivos na massa de concreto indiscriminadamente, sem controle. Para alcançar o objetivo esperado, é necessário que a mistura fique homogênea. Se o aditivo é acrescentado corretamente na massa, as chances de a construção dar certo são maiores. E isso só é possível se o calculista entender completamente as especificidades da obra. É essencial seguir as normas técnicas e os procedimentos adequados para a mistura, transporte, lançamento e cura do concreto, garantindo assim a segurança e a durabilidade das construções”, finaliza o engenheiro civil.

AEAN e Crea-SP

Quando o assunto é informação profissional relevante e de qualidade, como as relativas a aditivos para concreto, os engenheiros podem e devem contar com a AEAN (Associação de Engenheiros e Arquitetos da Alta Noroeste), que promove constantemente ações para mantê-los atualizados, realizando cursos, palestras, assim como o Buteco da AEAN, que é um bate-papo descontraído entre os profissionais da arquitetura e engenharia para a troca de experiências.

Nas ações informativas e de capacitação, a entidade conta com parceria fundamental do Crea-SP, maior conselho de fiscalização de exercício profissional da América Latina e um dos maiores do mundo.

O Crea-SP é responsável pela fiscalização de atividades profissionais nas várias modalidades da engenharia, agronomia e geociências, além das atividades dos tecnólogos. Neste sentido, no que diz respeito à atuação dos engenheiros, agrônomos e demais profissionais que representa, fiscaliza, controla, orienta e aprimora o exercício e as atividades profissionais relacionadas. Para isso, exige registro profissional, assim como a ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) que é o instrumento que define, para os efeitos legais, os responsáveis técnicos pela execução de obras ou prestação de serviços relativos às profissões abrangidas pelo sistema Confea/Crea-SP.

 

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