COMEMORAÇÃO – DIA DA PROFISSÃO: Atuação dos engenheiros agrônomos ganha destaque durante a pandemia

“Quando eu estava na faculdade, na década de 1990, ouvia as pessoas falarem que o agronegócio e a agronomia eram o futuro do Brasil. Hoje, dada a relevância do setor e da profissão no cenário nacional, constato que é o presente”, diz o engenheiro agrônomo Fábio Brancato, que também é diretor da AEAN (Associação dos Engenheiros e Arquitetos da Alta Noroeste) e presidente do SIRAN (Sindicato Rural da Alta Noroeste). A afirmação encontra respaldo nos cálculos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), em parceria com a CNA. De acordo com as entidades, em 2020, o agronegócio brasileiro alcançou participação de 26,6% no PIB (Produto Interno Bruto do Brasil), contra 20,5% em 2019.

De fato, o agronegócio é atualmente um dos ramos mais importantes da economia nacional, sobretudo nos setores de importação e exportação, e isso ficou ainda mais em evidência durante a pandemia do novo coronavírus, segundo Brancato. “O agronegócio foi um dos únicos setores econômicos que se mantiveram com saldo positivo durante grande parte do período de turbulência pelo qual o mundo está passando. Neste cenário, o trabalho dos engenheiros agrônomos é de grande relevância, tendo em vista que o profissional participa ativamente de todas as etapas do agro, desde a criação de rebanhos ao plantio, sempre utilizando fundamentos científicos e tecnológicos”, explica o diretor da AEAN.

VPA

No ano 2020, mesmo vivendo a pandemia da Covid-19, o Valor de Produção Agropecuária (VPA) ultrapassou o recorde anterior de 2017, alcançando R$ 40,9 bilhões. Baseado em um conjunto de produtos da agropecuária e da atividade florestal, o cálculo do VPA permite observar o desempenho econômico das principais atividades do setor, constituindo-se em um parâmetro de análise muito útil para tomadas de decisão, tanto por parte dos agentes dos diversos segmentos das cadeias produtivas para auxiliar no planejamento, como também pelo Governo na elaboração e implantação de políticas públicas.

Além disso, o PIB obteve um crescimento em todos os segmentos do agronegócio, incluindo a agroindústria, campo mais afetado pelo coronavírus. Um dos desafios para os engenheiros agrônomos foi encontrar tecnologias para se reinventar em um ano tão turbulento.

Brancato destaca que, além de manter esse setor aquecido em meio ao período pandêmico, os engenheiros agrônomos colaboraram com a saúde populacional, na sua maioria por meio da distribuição de mantimentos e atuando para prover a alta procura por alimentos de qualidade. Entretanto, ele analisa que a modificação nos modelos de produção e de processamento de alimentos em todo o planeta vai desafiar ainda mais essa classe profissional nos próximos anos. “Teremos que atuar na pesquisa e na elaboração de políticas agrárias e ambientais que acatem a preservação da biodiversidade, e isso é urgente”.

Agricultura 4.0

Conforme a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentos (FAO), estima-se que, em menos de quatro décadas, o Brasil produzirá 40% da procura global de alimentos, transformando-se no principal exportador do mundo. Hoje, este segmento é um dos que mais oferecem oportunidades de emprego no Brasil, impactando cerca de 18,3 milhões de trabalhadores, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Entre eles, estão os engenheiros agrônomos, profissionais cada dia mais essenciais diante do aumento das premissas de qualidade e controle de produtos de origem animal e vegetal, seja no mercado interno ou externo.

A chamada Agricultura 4.0, que pode ser definida como um conjunto de tecnologias digitais formado a partir de softwares, sistemas e equipamentos, com o objetivo de otimizar a cadeia produtiva em todas as suas etapas, desde o plantio até a colheita, é ainda mais relevante neste cenário. Ela assume recursos computacionais de elevado grau tecnológico, nuvens e conectividade entre aparelhos móveis, com o intuito de fornecer e processar dados que servirão de suporte para medidas.

“Por meio da utilização de ferramentas ou instrumentos como sensores, GPS, análise de tempo, biotecnologia e drones, a eficiência produtiva pode expandir e o acompanhamento de trabalhos agrícolas se torna mais efetivo. Além do mais, a modernização também contribui com a diminuição de custos, somada à efetividade no uso de insumos, crescimento da segurança dos trabalhadores e redução de abalos ambientais”, explica Brancato.

Evolução constante

O presidente da AEAN, Petrônio Pereira Lima, que também é engenheiro agrônomo, lembra que nem sempre foi assim. “Se compararmos o profissional de 1930, década em que a profissão foi regulamentada no Brasil, com os de hoje, vemos que muita coisa mudou e continua a mudar em ritmo acelerado. O nosso leque de atuação, por exemplo, foi ampliado nos últimos anos. Agricultura orgânica, meio ambiente, licenciamento ambiental, recuperação e preservação de bacias hidrográficas, entre outras atividades que até então não possuíam muita relevância na atuação do recém-formado e muito menos dos profissionais experientes, agora são perseguidas por muitos de nós, e com razão”, analisa Lima.

O representante classista ressalta que o perfil do novo engenheiro agrônomo está ligado a um novo panorama energético, um cenário de globalização e mudanças organizacionais, e essa nova realidade envolve a conjuntura nacional e internacional, antecipada pela Covid-19, responsabilidade social e ambiental. Para o presidente da AEAN, neste contexto, o profissional do futuro será aquele que está voltado para a multidisciplinaridade envolvendo tecnologias de precisão, associadas com a tecnologia da informação, visando agregar valor às cadeias produtivas, sem prejudicar o meio ambiente, acima de tudo.

No Brasil, o Dia do Engenheiro Agrônomo é comemorado em 12 de outubro, dia em que foi regulamentada a profissão no país, por meio do Decreto nº 23.196 de 12/10/1933. Nesta data, a AEAN e o CREA-SP (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo) lembram que a este profissional estão reservadas muitas oportunidades, que precisa estar atento às transformações que estão ocorrendo no mundo. “A cada dia, é maior a importância deste trabalhador brasileiro na produção de alimentos, fibra e energia, para uma população cada vez mais urbana e com cada vez menos recursos”, finaliza Petrônio Pereira Lima.

No cenário atual descrito, a agronomia ganha ainda mais relevância e conta com destaque e suporte do Crea-SP. O Conselho realiza capacitações desta e todas as profissões a ele relativas. Maior Conselho de fiscalização de exercício profissional da América Latina e provavelmente um dos maiores do mundo, o Crea-SP é responsável pela fiscalização de atividades profissionais nas várias modalidades da engenharia, agronomia e geociências, além das atividades dos tecnólogos. Dessa forma, fiscaliza, controla, orienta e aprimora o exercício e as atividades profissionais relacionadas. Para isso, exige registro profissional, assim como cobra ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) que é o instrumento que define, para os efeitos legais, os responsáveis técnicos pela execução de obras ou prestação de serviços relativos às profissões abrangidas pelo Sistema Confea/Crea-SP.

DEIXE UM COMENTÁRIO

O seu endereço de e-mail não será publicado.