Os números não mentem. No biênio 2020-21, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro alcançou recordes e, em 2020, seu crescimento bateu 24% em relação aos ganhos de 2019 e representava 26,6% de todo o PIB nacional. Em 2021 a participação chegou 27,4%. Os dados são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea – Esalq/ USP) em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Ainda de acordo com o Cepea/USP, de janeiro a março de 2022, a população ocupada no agronegócio brasileiro aumentou 6,2% e chegou a 18,74 milhões de pessoas. É um incremento de mais de um milhão de trabalhadores em relação ao mesmo período de 2021. O grupo empregado no agro chega quase a 20% do total da participação do mercado de trabalho no país.
Dito isto, me permito avaliar que a agronomia e o engenheiro agrônomo estão inseridos de forma intrínseca neste contexto, tendo participação direta nesses resultados. E, da mesma forma, serão fundamentais no cenário do futuro vislumbrado pela humanidade, sendo marcado pela alta tecnologia.
Precisamos nos atualizar constante e permanentemente, a fim de elevar a produtividade nos meios de produção do agronegócio. Refiro-me tanto em relação aos conhecimentos teóricos quanto às técnicas e tecnologias, que avançam muito rapidamente proporcionado aproveitamento maior do solo, da mão de obra e dos recursos naturais disponíveis, reduzindo custos de produção ao mesmo tempo que aumenta a eficiência operacional no campo.
O agronegócio já é marcado pela presença da tecnologia a favor do produtor rural de várias formas, e será ainda mais. Estou falando, entre outras coisas, do processo de automação que permite que veículo autônomo seja capaz de realizar diversas operações da lavoura sozinho, desde o plantio, adubação e pulverização até a colheita. Os veículos autônomos conseguem trabalhar com grande precisão, não necessitam de um operador dentro da cabine.
E quando falo em máquinas autônomas, incluo os drones. Com uma navegação pré-configurada, é possível sobrevoar a lavoura para monitorar anomalias e pragas e até controlar certos agentes nocivos às plantas.
O agrônomo também deve atentar aos alimentos geneticamente modificados (AGM), ou transgênicos, como são mais conhecidos. Eles são fruto da engenharia genética que produz alimentos com base em organismos que sofreram modificações específicas no DNA. Trata-se de uma técnica que tem gerado culturas com características diferenciadas, mais atraentes em termos nutricionais e comerciais.
Algumas dessas alterações genéticas dão à planta maior resistência a pragas, maiores teores de nutrientes específicos, durabilidade mais extensa nas prateleiras e menos tempo para atingir a maturação. Com isso, conseguimos produtos com uma qualidade superior, nutritivos e com um custo menor tanto para o produtor, quanto para o consumidor final. Segundo dados do CIB (Conselho de Informações sobre Biotecnologia), mais de 50 milhões de hectares de lavouras de produtos transgênicos são cultivados nas principais regiões produtoras do país.
Faço minhas as palavras de um bom artigo do site da Jacto, que afirma que “a inteligência artificial será cada vez mais capaz de analisar grandes volumes de dados e identificar padrões não percebidos por humanos”. Nós, agrônomos, temos que entender e nos valer desse conceito e suas ferramentas levando em conta, inclusive, que todas as tendências correm no sentido da sustentabilidade.
Produtores que já adotam práticas e instrumentos que respeitam o meio ambiente e seus recursos já estão se preparando para a agricultura e a pecuária do futuro. Neste sentido, uma área em franco desenvolvimento é a de produção de biofertilizantes e biodefensivos, impulsionada inclusive pela guerra entre Rússia e Ucrânia. Nós, agrônomos, somos responsáveis por estabelecer o equilíbrio entre a produção e o meio ambiente, o que inclui a conservação do solo, das nascentes e corpos d’água.
Existem inúmeras técnicas e tecnologias que o agrônomo pode implementar para os seus clientes, e, certamente, o profissional que se mantém atualizado com as principais tendências do setor sai na frente e consegue adequar as suas ações para alçar altos níveis de produtividade que os seus clientes buscam e necessitam.
A manutenção de melhores taxas produtivas deve estar alinhada à uma agricultura inteligente – com máquinas, digitalização das informações e técnicas que ajudem a otimizar plantio, manejo, colheita, armazenagem e escoagem – bem como um olhar que possibilite um agro sustentável, preocupado com ESG, mudanças climáticas e agenda ambiental.
Vou mais além. O agrônomo tem condições de cuidar desde uma pequena horta a grandes plantações, atuar dentro de um hospital, em uma dedetização, assim como em instituições financeiras, por conta do crédito rural. Ou seja, para além do agronegócio, trata-se de um profissional que encontra um vasto leque de opções para trabalhar em praticamente em todos os segmentos produtivos. Não menos por tudo isso, a agronomia é apaixonante.
Por fim, devo destacar que o Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo) realiza e apoia eventos, por meio de entidades, como a AEAN, que visam a valorização das profissões de engenharia, agronomia e geociências, além de iniciativas que têm como objetivo incentivar a segurança da sociedade na importância da presença de profissionais habilitados nas obras e serviços ligados às profissões registradas no conselho.
*Fábio Brancato é engenheiro agrônomo e diretor da AEAN (Associação dos Engenheiros e Arquitetos da Alta Noroeste)