MATÉRIA TÉCNICA: Engenheiro Civil: adaptação, evolução tecnológica e futuro

O mundo globalizado tem proporcionado oportunidades inéditas de negócios e de crescimento para os engenheiros civis, mas, ao mesmo tempo, impõe um nível de exigência extremamente minucioso. E, no futuro, não deve ser diferente. A previsão da AEAN (Associação dos Engenheiros e Arquitetos da Alta Noroeste) e do CREA-SP (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Estado de São Paulo) é que o contexto socioeconômico atual do país é de reflexão e, mais do que nunca, de planejamento para o setor nos próximos anos.

 

Celebrado no último 25 de outubro, o Dia do Engenheiro Civil serve para relembrar a importância deste profissional para todos os brasileiros. A engenharia civil é uma atividade na qual os conhecimentos científicos e técnicos, além da experiência prática, são aplicados na exploração dos recursos naturais para o planejamento, projeto, construção e operação de objetos úteis à sociedade.

 

Especialistas da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) afirmam que no aspecto climático os engenheiros civis serão pressionados a incorporar as melhores técnicas de sustentabilidade nas moradias e prédios comerciais. Será ainda mais importante pensar e construir locais que sejam seguros e resistentes aos ventos, mas que também possuam boa entrada de ar e luz solar, evitando assim o consumo desenfreado de energia, produzido até então, em sua maioria, pelas hidrelétricas.

 

Essa adaptação do profissional significa, inclusive, a consciência sobre a possibilidade de utilizar novos materiais, como os que resultarão de avanços da nanotecnologia. A evolução das inovações tecnológicas propicia a aplicação plena dos conceitos de casas e cidades inteligentes. “A implantação de estruturas específicas para demandas de internet das coisas, assistentes pessoais e sistemas inteligentes de decisão, entre outras, vai gerar a necessidade de implantação de uma infraestrutura específica que atende a todas essas necessidades”, afirma o órgão em nota institucional.

 

Novos arranjos

 

De acordo com o diretor da AEAN, engenheiro civil Tarso Luis Cavazzana, mesmo que o ritmo de crescimento da população diminua, que as famílias sejam menores e com mais idosos, mesmo que a inteligência artificial seja capaz de processar todos os cálculos necessários para erguer um prédio, a sociedade continuará precisando dos serviços de engenheiros, pois as pessoas continuarão comprando e reformando seus imóveis. Os habitantes vão continuar a se deslocar entre cidades, demandando obras viárias, de saneamento e instalação de infraestrutura, especialmente de telecomunicações. Apesar dos saltos de velocidade da internet e de seu impacto no comércio eletrônico, as lojas físicas sempre serão ponto de apoio e referência do setor.

 

Novos arranjos das estruturas familiares, de trabalho e de produção vão estimular a adaptação dos projetos de imóveis. Um exemplo, com forte desemprego e desregulamentação da economia, além da evolução das tecnologias, inclusive os sistemas de comunicação, salas pequenas perderão a serventia, podendo ser adaptadas para novas funções. “Esse profissional enfrenta no dia-a-dia, e enfrentará cada vez mais, a necessidade de dar continuidade nas obras com condições ambientalmente sustentáveis, dando desde dignidade a quem trabalha, mas também, a devida solução para uso de matéria-prima renovável, sem a inviabilização financeira do empreendimento”, ressalta Cavazzana.

 

O cotidiano do engenheiro civil será ainda mais influenciado pelo uso de ferramentas geradas pelas inovações, como a inteligência artificial, capaz de agilizar a análise de dados disponíveis nas redes. Uma das tendências que tende à consolidação é o uso de sistemas de Building Information Technology, novo conceito de modelagem e projetos de construção que utilizam a tecnologia para compatibilizar projetos. Igualmente como este sistema, a realidade aumentada é uma tendência para construção civil que tem se tornado cada dia mais uma realidade. Através dela é possível passear dentro de um modelo de um empreendimento, permitindo assim, inspecionar os projetos em busca de erros e ajuda nas vendas na hora de mostrar para o cliente como será o resultado.

 

Exigências e adequações

 

Segundo o estudo “O Futuro do Emprego: Quão suscetíveis são os empregos para a informatização?”, de Carl Benedikt Frey e Michael A. Osborne, o desenvolvimento sustentável, ou seja, a busca pelo equilíbrio entre a preservação ambiental e o crescimento socioeconômico vai ampliar as exigências de adequação do mercado de engenharia civil. “O engenheiro civil é estratégico para que as atuais e futuras gerações continuem usufruindo de construções sólidas, seguras e sustentáveis. O recado a quem pensa em seguir a atividade ou se reposicionar no mercado é de que tenha certeza sobre a sua vocação. Afinal, o futuro será repleto de novas emoções, incluindo ameaças e grandes oportunidades”, comenta o diretor da AEAN.

 

Tarso Cavazzana explica que a engenharia civil tem atuação em cinco grandes áreas na sociedade com atividades voltadas a obras civis: estrutura; águas e saneamento; estradas, portos e aeroportos; solos; construção civil. “É importante ressaltar que essa divisão apenas ilustra melhor os campos de atuação do engenheiro civil na atualidade, não se limitando a essas áreas, mas demonstrando que essas grandes áreas se somam na sociedade, gerando construções planejadas, projetadas, executadas e gerenciadas por profissionais devidamente capacitados.”

 

Dando voz à posição da AEAN e do CREA-SP, Cavazzana diz que esse profissional enfrenta no dia a dia a necessidade de dar continuidade nas obras com cada vez mais condições ambientalmente sustentáveis, dando desde dignidade a quem trabalha, a devida solução para uso de matéria prima renovável, sem inviabilização financeira do empreendimento. “Por fim, mais que importante, o engenheiro civil é estratégico para que as atuais e futuras gerações continuem usufruindo de construções sólidas, seguras e sustentáveis”, finaliza o engenheiro civil.

 

Maior conselho de fiscalização de exercício profissional da América Latina e provavelmente um dos maiores do mundo, o CREA-SP é responsável pela fiscalização de atividades profissionais nas várias modalidades da engenharia, agronomia e geociências, além das atividades dos tecnólogos. Neste sentido, no que diz respeito à atuação dos engenheiros civis e demais profissionais que representa, fiscaliza, controla, orienta e aprimora o exercício e as atividades profissionais relacionadas. Para isso, exige registro profissional, assim como cobra ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) que é o instrumento que define, para os efeitos legais, os responsáveis técnicos pela execução de obras ou prestação de serviços relativos às profissões abrangidas pelo Sistema Confea/ CREA-SP.

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